A cidade onde os mortos superam os vivos

Yago Costa
A cidade onde os mortos superam os vivos

Você já ouviu falar de um lugar onde há mais mortos do que vivos? Parece uma história de terror, mas é um fato real — e essa cidade existe de verdade.

Localizada no Egito, a “Cidade dos Mortos” é uma das mais intrigantes combinações entre o passado e o presente da humanidade.

Um cemitério que virou bairro

Um cemitério que virou bairro

A “Cidade dos Mortos” (ou Al-Qarafa) fica no Cairo e se estende por quilômetros. Originalmente, era apenas um imenso cemitério usado há mais de mil anos.

Com o passar do tempo, famílias começaram a ocupar os túmulos e construíram casas sobre eles, transformando o cemitério em um bairro habitado por mais de meio milhão de pessoas.

Viver entre túmulos

Os moradores adaptaram as antigas estruturas funerárias, muitas datadas da época dos mamelucos e otomanos, e as transformaram em residências improvisadas.

Ali, vida e morte coexistem de maneira única: crianças brincam entre lápides, famílias fazem refeições ao lado de túmulos e até casamentos são realizados em meio às antigas criptas.

Como isso aconteceu?

Durante períodos de crise econômica e superpopulação no Cairo, muitos egípcios não tinham onde morar. A área dos cemitérios oferecia espaço, privacidade e abrigo gratuito — e, aos poucos, a cidade dos mortos se tornou uma verdadeira comunidade.

Um símbolo cultural e social

Apesar de parecer assustadora para estrangeiros, para muitos moradores locais o lugar tem um significado espiritual e histórico profundo.

Ali, eles acreditam estar protegidos pelos ancestrais, vivendo próximos às almas de seus antepassados — uma forma diferente de encarar a morte.

O contraste com o Cairo moderno

Enquanto os arranha-céus e o trânsito caótico dominam o Cairo moderno, a Cidade dos Mortos permanece quase intocada pelo tempo, uma mistura de ruínas, vida cotidiana e mistério.

É um lembrete de como a necessidade humana pode transformar até mesmo os lugares mais improváveis em lares cheios de histórias.

Uma atração para estudiosos e curiosos

Antropólogos, fotógrafos e historiadores do mundo todo visitam o local, fascinados pela maneira como a comunidade se organiza em meio a túmulos e mausoléus.

Mesmo assim, o governo egípcio já tentou realocar parte dos moradores para áreas urbanas, mas muitos se recusam a sair, dizendo que ali encontraram paz e pertencimento.

Minha opinião sincera

A Cidade dos Mortos é um dos exemplos mais poderosos de como o ser humano se adapta às circunstâncias. É impressionante pensar que um cemitério milenar se tornou uma comunidade viva e vibrante, onde a linha entre a vida e a morte se mistura todos os dias.

Para mim, o mais curioso é perceber que, mesmo cercados por lembranças da finitude, essas pessoas encontraram um modo de celebrar a vida de forma silenciosa e simbólica.

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