O caso de Cindy James, uma enfermeira canadense de British Columbia, é um dos mais enigmáticos e perturbadores da história criminal do Canadá. Entre 1982 e 1989, ela foi alvo de uma aterrorizante e implacável campanha de perseguição, tortura e ameaças, que culminou em sua morte inexplicável. A história, que se desenrola como um thriller psicológico, levanta questões sombrias sobre quem era o agressor – um estranho, um conhecido ou a própria vítima?
A Cronologia do Terror (1982–1989)

A perseguição a Cindy James começou logo após seu divórcio, em 1982, e escalou em frequência e violência ao longo de sete anos. O rigor da cronologia dos eventos é crucial para entender a complexidade do caso.
O Início das Ameaças
Inicialmente, Cindy e seu ex-marido, o médico Roy Makepeace, receberam telefonemas ameaçadores silenciosos. O terror aumentou rapidamente:
- Telefonemas Abusivos: Centenas de chamadas por dia, com a voz do agressor modificada.
- Bilhetes Anônimos: Bilhetes ameaçadores eram deixados dentro da casa de Cindy, sugerindo que o agressor tinha acesso fácil ao seu interior, mesmo com as portas trancadas.
Escalação da Violência
A perseguição passou de psicológica para física. Cindy foi encontrada repetidamente:
- Ferida e Desorientada: Em 1985, ela foi encontrada em um matagal perto de sua casa, desorientada e com um ferimento à faca em seu dedo. Ela não se lembrava de como chegou ali.
- Ataques em Locais Públicos: Foi agredida em um estacionamento e, em outra ocasião, em uma rua movimentada.
- Confinamento: Em 1988, foi encontrada trancada em uma lavanderia pública, drogada e com um corte na coxa.
Ao longo desse período, Cindy mudou-se várias vezes, instalou sistemas de segurança e envolveu a polícia de forma intensa, mas as agressões e ameaças nunca cessaram.
A Investigação Policial: O Mistério do Agressor

A polícia de Vancouver conduziu uma das investigações mais extensas da história local, mas o caso sempre se dividiu em duas teorias principais:
Teoria 1: O Agressor Desconhecido
A teoria mais direta era a de que Cindy estava sendo perseguida por um sádico desconhecido. Os indícios para esta teoria incluem:
- Provas Não Concludentes: As fitas de gravação dos telefonemas nunca levaram a um suspeito identificado.
- Evidências de Arrombamento: A presença de bilhetes e evidências de que a casa era invadida sugeriam um criminoso persistente e inteligente.
Teoria 2: O Fator “Self-Inflicted” (Automutilação)
Membros da polícia e da imprensa levantaram a hipótese de que Cindy poderia estar causando os ferimentos a si mesma, sofrendo de um transtorno dissociativo ou uma condição conhecida como Síndrome de Munchausen, onde a pessoa inventa ou causa doenças para atrair atenção.
- Ausência de Testemunhas: Apesar de alguns ataques terem ocorrido em locais públicos, a polícia nunca encontrou uma testemunha ocular clara.
- Tratamento Psicológico: Cindy havia procurado tratamento para estresse e ansiedade devido à perseguição.
Esta divisão de opiniões na investigação é o que tornou o caso tão polarizado e, em última análise, não resolvido.
O Trágico Desfecho e o Veredito Aberto
Em 25 de maio de 1989, Cindy desapareceu. Duas semanas depois, seu corpo foi encontrado em uma propriedade abandonada, amarrado, mas sem sinais claros de violência fatal.
- Causa da Morte: A autópsia não foi conclusiva. A morte foi atribuída a uma overdose de drogas (incluindo morfina e outros sedativos) e estrangulamento.
- Cena: Seu carro foi encontrado a quilômetros de distância, com manchas de sangue e um lençol manchado. Os pertences de Cindy estavam espalhados.
- Inquérito: O júri do inquérito legista não conseguiu determinar se a morte foi homicídio ou suicídio. O veredito oficial foi “Morte por Meios Não Determinados”.
O caso de Cindy James permanece aberto até hoje, sendo um dos mais debatidos em fóruns de mistérios criminais.
Minha opinião sincera
O mistério de Cindy James é um lembrete sombrio de que algumas histórias terminam sem respostas. A ausência de um desfecho definitivo, a divisão entre homicídio e suicídio, e a bizarra cronologia de terror garantem que este caso continue a fascinar e intrigar. Cindy James se tornou um símbolo de uma vítima cuja verdade pode ter morrido com ela.