Pouca gente sabe, mas o filme mais longo do mundo não pertence a Hollywood, e sim à Suécia. Lançado em 2012, a produção intitulada “Logística” (Logistics) tem nada menos que 857 horas de duração, o que equivale a 35 dias e 17 horas de exibição ininterrupta. O projeto desafia todos os limites do cinema tradicional — e quase ninguém no mundo conseguiu assisti-lo inteiro.
O conceito por trás do filme mais longo do mundo

“Logística” foi criado pelas artistas suecas Erika Magnusson e Daniel Andersson como um experimento artístico e social. A ideia era responder a uma pergunta simples: “De onde vêm todos os produtos que consumimos?”.
Para isso, elas decidiram filmar todo o ciclo de vida de um produto, do ponto de venda até sua origem na fábrica.
A escolha foi um pedômetro eletrônico, um item comum nas prateleiras de tecnologia. O filme começa em uma loja em Estocolmo, na Suécia, e segue o trajeto reverso de transporte e produção até chegar à fábrica na China, onde o produto foi montado.
Um percurso ao contrário do tempo e do consumo
O detalhe mais curioso é que o documentário acompanha o processo em tempo real.
Ou seja, cada trecho da viagem — caminhões, navios, aeroportos, estradas — foi gravado e exibido na mesma duração em que ocorreu. Nenhum corte, nenhuma aceleração.
O público literalmente assiste ao mundo se mover enquanto um simples produto volta à sua origem.
Essa abordagem faz de “Logística” uma crítica contundente à sociedade de consumo moderna, mostrando a dimensão física e temporal por trás de cada objeto cotidiano.
Onde e como o filme foi exibido
Por sua duração extrema, “Logística” nunca foi exibido em cinemas convencionais. As exibições ocorreram principalmente em museus de arte contemporânea, como o Studio 44, em Estocolmo, e em mostras experimentais ao redor da Europa.
Durante as sessões, o público era livre para entrar e sair a qualquer momento — afinal, ninguém seria capaz de assistir a quase 36 dias seguidos de projeção.
Em algumas exibições, os curadores chegaram a montar instalações imersivas, transformando a sala em um espaço de reflexão sobre o tempo, o consumo e a globalização.
O impacto e a mensagem por trás da experiência
O filme “Logística” desafia o próprio conceito de narrativa.
Não há protagonistas, trilha sonora ou drama — apenas a realidade bruta e contínua do transporte global.
É um lembrete silencioso, porém poderoso, de que cada produto tem um percurso invisível, muitas vezes mais longo do que imaginamos.
Apesar de parecer absurdo em sua duração, a obra se tornou um ícone do cinema conceitual, sendo estudada em cursos de arte e filosofia pelo mundo. Ela nos obriga a pensar: quanto tempo e energia realmente gastamos para sustentar o conforto da vida moderna?
Minha opinião
“Logística” não é um filme para ser assistido — é uma experiência para ser compreendida.
Ele redefine o que é o tempo no cinema e nos faz encarar o absurdo da rotina industrial global.
Ao revelar a complexidade oculta de algo tão banal quanto um pedômetro, o filme transforma um objeto comum em uma reflexão profunda sobre tempo, distância e consumo.
É arte pura — lenta, provocativa e necessária.