Os sonhos sempre fascinaram a humanidade. Desde as civilizações antigas até os laboratórios modernos, o ato de sonhar é estudado, interpretado e até temido. Mas afinal, por que o ser humano sonha?
A resposta continua sendo uma das mais intrigantes da neurociência — e, mesmo com toda a tecnologia atual, ainda não há um consenso definitivo.
A origem dos sonhos: o teatro do inconsciente

Quando dormimos, especialmente durante a fase REM (Rapid Eye Movement), o cérebro entra em um estado de intensa atividade elétrica, quase tão forte quanto quando estamos acordados.
É nesse momento que surgem os sonhos — uma mistura de memórias, emoções, desejos e medos, processados em uma linguagem simbólica que desafia a lógica.
O pai da psicanálise, Sigmund Freud, acreditava que os sonhos eram uma janela para o inconsciente, revelando desejos reprimidos e pensamentos ocultos.
Já Carl Jung via os sonhos como mensagens do “inconsciente coletivo”, um espaço onde arquétipos universais se manifestam através das imagens que vemos ao dormir.
A visão da ciência moderna
A neurociência atual oferece uma explicação diferente: os sonhos seriam o resultado do cérebro tentando organizar informações, consolidar memórias e simular situações para nos preparar emocionalmente para o mundo real. Ou seja, quando sonhamos, estamos ensaiando a vida — lidando com medos, resolvendo problemas e processando emoções.
Experimentos com ressonância magnética mostram que, durante os sonhos, áreas ligadas à emoção (como a amígdala) e à memória (como o hipocampo) ficam altamente ativadas, enquanto a região racional (córtex pré-frontal) fica menos ativa. Isso explicaria por que os sonhos são tão vívidos e, ao mesmo tempo, tão ilógicos.
Por que lembramos (ou não) dos sonhos?
Cientistas descobriram que lembrar ou esquecer um sonho depende da atividade cerebral logo após acordar.
Quem desperta durante a fase REM tende a lembrar mais do que quem dorme profundamente até o final do ciclo. Além disso, o nível de dopamina e noradrenalina — neurotransmissores ligados à atenção — influencia diretamente na memória onírica.

Curiosamente, pessoas criativas costumam relatar sonhos mais intensos e lembranças mais nítidas, o que reforça a ligação entre o imaginário e o subconsciente.
Sonhos premonitórios existem?
Apesar das inúmeras histórias e coincidências, não há evidência científica de que sonhos possam prever o futuro. No entanto, eles refletem padrões mentais e emocionais que já estão acontecendo, e que podem nos alertar para algo que estamos ignorando conscientemente. Assim, um sonho pode não prever o amanhã — mas pode revelar o que já está nascendo dentro de nós hoje.
A função emocional dos sonhos
Dormir e sonhar são formas de cura emocional. Pesquisas indicam que sonhar ajuda a processar traumas, reduzir estresse e até fortalecer a criatividade.
É como se o cérebro, enquanto dormimos, reorganizasse nossas emoções para que possamos acordar mais equilibrados.
Por isso, a privação de sono pode causar irritabilidade, confusão mental e até alucinações — afinal, o cérebro precisa sonhar tanto quanto precisa respirar.
Minha opinião sincera
Acredito que sonhar é uma das experiências mais puras da mente humana. É quando deixamos de ser limitados pela lógica e exploramos o território infinito da imaginação.
Seja uma lembrança, uma metáfora ou um reflexo do que sentimos, o sonho é a prova de que nossa mente continua viva mesmo quando o corpo descansa.
E talvez seja justamente por isso que, mesmo com toda a ciência do mundo, sonhar ainda parece algo mágico — e profundamente humano.